Caminhava devagar pela cidade, o peito enchendo-se do cheiro salgado da maresia, o frio vento norte desalinhando-lhe os cabelos, empurrando-lhe os passos lentos e arrastados... No rosto gelado nenhuma expressão se adivinhava, nada naquele olhar denunciava o mundo secreto e fugidio das emoções que lhe invadiam o coração. Mas ela chorava. Caminhava sem rumo, ao acaso, e tinha os olhos cegos de lágrimas pousados no sol que morria sobre o mar, devagar... avermelhando os céus a ocidente, fazendo-os sangrar...
Ninguém reparou nela. Ou então, ninguém estranhou. Afinal, há tantos caminhantes com os olhos cheios de lágrimas, à beira-mar...
2 comentários:
Ninguém olha para o céu quando chove...
LeChateau
Pois não, ninguém...
Um beijo
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