Às vezes, como hoje, enrolo-me para dentro de mim e abraço-me ao silêncio. Prendo as palavras, a voz de todas as palavras, seguro os gestos urgentes, e espero. Às vezes não gosto de mim nem disto que ecoa cá dentro, que pulsa devagar como um coração cansado, velho e desistente... Às vezes, como hoje, guardo tudo na gaveta mais desarrumada do sentir e ponho uma música a tocar... Vou ver o mar e derramo o olhar no voo das gaivotas... nas pegadas dos passantes tatuadas no areal... na espuma salgada das ondas muito azuis... Fecho os olhos e ouço o vento. Fecho os olhos e sinto o sol. E espero.
Às vezes, como hoje, eu sei que nada mais posso fazer.
E espero.
4 comentários:
Meu amigo
Há alturas em que nada mais podemos fazer senão esperar pelo sol.
Lindo seu texto.
beijinhos
Sonhadora
O silêncio aparenta ser uma presença assídua nos teus textos. Esse amante etéreo que nunca nos abandona...
Há qualquer coisa de triste na espera... mas todas as esperas carregam nos braços a esperança. E sim, Sonhadora, o sol acaba por voltar a brilhar, mesmo depois das mais terríveis tempestades...
Um beijinho
És um leitor atento, Blizard :) Só no silêncio consigo ouvir todas as vozes... Até a minha.
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