DE PROFUNDIS
Que dias há que na alma me tem posto/ um não sei quê, que nasce não sei onde,/ vem não sei como, e dói não sei porquê. - Luiz Vaz de Camões
quinta-feira, 16 de março de 2023
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022
Minha culpa, minha tão grande culpa
Tenho que regressar urgentemente à leitura. E à escrita.
Culpo-me constantemente, diariamente, dolorosamente, destes dias corridos sem uma linha lida, sem uma palavra escrita. Escrevo cadernos de intenções, faço listas de prioridades, forro o frigorífico com post-its coloridos só para viver o gozo de falhar as promessas todas, sem exceção. E o dia terminado, já de luz apagada, o corpo quente, dormente, inerte debaixo dos lençóis, juro que amanhã é que é, amanhã é que vai ser. Faz-me falta o cheiro de um livro, a música do teclado fazendo nascer um texto. Tenho um romance na cabeça, um livro de contos, meia dúzia de poemas que me sussurram ralhos desdenhosos, intolerantes da minha indolência. Tenho saudades da companhia de um livro. Tenho saudades de textos esboçados.
Amanhã recomeço. Amanhã regresso. Sem falta.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2022
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
Palavras Roubadas
Nos teus dedos nasceram horizontes
e aves verdes vieram desvairadas
beber neles julgando serem fontes.
Eugénio de Andrade
terça-feira, 23 de novembro de 2021
Noite Cerrada
Uma rua vazia, um homem que traz um cão pela trela. Caminha devagar, a mão direita escondida no bolso do casaco deformado. No silêncio da noite cerrada, ouvem-se apenas as unhas do cão arranhando o passeio - como um eco triste da solidão do dono.
E no escuro do céu, bondosamente, a lua sorri-lhes com a sua cara redonda pintada de branco.
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Eu, pecadora me confesso
Encarei-te por fim, e confessei:
- Sim. Ainda escrevo. Ainda te escrevo.
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
DE PROFUNDIS - 13 Anos!
Meu querido DE PROFUNDIS!
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Palavras Roubadas
O que me intriga é a razão do teu desejo. Porque é que queres ser mais do que isso que somos: humanos, falhados. Não temos asas, e que mal tem isso?
João Tordo, in Ensina-me a voar sobre os telhados
terça-feira, 3 de março de 2020
Preparar a solidão
fazer ordinariamente horas extraordinárias,
ir a diário ao ginásio, esgotar o corpo,
andar frequentemente de bicicleta,
regressar a casa pelo caminho mais longo,
prestar atenção ao que acontece dentro da copa das árvores,
não ter animais de estimação, nem mesmo plantas,
ter coragem para não recolher um cão abandonado,
nas tardes de sol visitar jardins, dar milho aos pombos,
ser amante de livros, de música e de cinema,
guardar longe da vista todas as fotografias,
dançar pela casa, a vontade não precisa de par,
evitar pensar no sentido da vida,
ter um não sei quê de ave migratória,
manter a casa limpa, mudar os lençóis, fazer a cama,
ter em casa chá, chocolate e livros de poesia,
peças de fruta, álcool e cigarros nenhuns,
ter cola, tesoura, agulha, linha, pregos,
o necessário para pequenas reparações,
ter uma caixa de primeiros socorros,
cozinhar em pequenas quantidades,
investir numa chaleira,
numa botija para água quente,
num congelador,
viajar sempre para países distantes,
não ter medo da chuva nem do choro,
não ligar a televisão só para ter luz no escuro.
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
Palavras roubadas
Passamos metade da vida à espera daqueles que amamos e a outra metade a deixar os que amamos.
Victor-Marie Hugo
terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
Por vezes
de um dia que vivemos,
de um filme, de um poema,
por vezes de alguém,
conservamos uma palavra.
Não saberemos explicar porquê,
mas essa palavra aloja-se dentro do nosso
pensamento,
atravessa vagarosamente os nossos silêncios,
fecha-se à chave dentro de nós.
José Tolentino de Mendonça, in O hipopótamo de Deus e outros textos
terça-feira, 22 de outubro de 2019
O Mundo Todo
vou buscar-te ao fim da tarde,
porque a noite só escurece contigo ao
meu lado, porque a noite aprende por ti
o caminho aberto das estrelas
vou buscar-te ao fim da tarde,
e verás como preparei a casa, como
escolhi a música, como, enfim, espalhei
os objectos mais impressionados contigo,
os que ganharam vida por se interporem
na espessura estreita que vai do meu
ao teu coração
e não mais te devolvo, correndo todos os
riscos de não amanhecer nunca
numa loucura propositada por ti
não mais te devolvo,
ocuparás o mundo debaixo e sobre mim,
e não haverá mais mundo sem que seja assim.
valter hugo mãe, in Contabilidade
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
Palavras Roubadas
Esta ciência selvagem de investigar a força
por dentro dos olhos
(...)
Herberto Helder, in Ofício Cantante
terça-feira, 11 de junho de 2019
"Toda a Água que Nos Une"
quarta-feira, 22 de maio de 2019
Escreve (me)
do que pessoas, temos tamanhos diferentes
e não servimos nos lugares que nos foram destinados.
Escreve sempre que precisares de uma porta
onde caibas,
nunca trago chaves comigo.
segunda-feira, 8 de abril de 2019
SEI
Sei ao chegar a casa
qual de nós
voltou primeiro do emprego
Tu
se o ar é fresco
Eu
se deixo de respirar
subitamente.
António Reis, in Novos Poemas Quotidianos
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
Não há machado que corte...!
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
2019...!
(Em 2019...),
A todos os que me visitam, desejo um Feliz Ano Novo!